A morte. A morte forçada. Sempre me pareceu uma brutalidade sem fim. Quando menor, sempre via esses brutos assassinatos com olhos de alguém distante, sempre achei que os assassinados fossem dignos da minha pena, e são. Assim que as pessoas nascem, crescem, elas passam a ser portadoras de sonhos, sonhos que elas normalmente sonham em realizar, mas então acontece uma brutalidade, uma monstruosidade, e essas pessoas, com vidas planejadas, família, sonhos, tem a vida arrancada de suas entranhas, seus sonhos perdidos, seus segredos mantidos, os desejos secretos nunca realizados, uma vida não completamente vivida... Eu realmente acredito que quando chega a hora de alguém partir, é a hora certa, é a hora escolhida por Deus, sou católica e acredito em Deus. Mas, cada dia, cada mês, eu perco um pouco desta crença. Assistindo a qualquer, qualquer que seja, os jornais diários, as reportagens, há um grande número de relatos de mortes, mortes brutas, mortes impiedosas, por motivos bárbaros, mundanos, motivos incompatíveis com uma morte. Eu sou a pessoa que as pessoas chamam de "impressionada", sim, eu sou. Me impressiono, tenho medo, sinto a necessidade de esgotar esse assunto. Mas não consigo. Dentro de mim há inquietude, tristeza... Penso muito, tenho medo.
Acho que esse sentimento pesou em mim essa semana, quando voltava para casa, soube por um motorista de táxi que uma mulher havia sido assassinada, como na maioria das vezes, permaneci alheia a essa notícia, até saber onde tinha sido: quase na minha rua. Quando estava chegando em casa me deparei com uma cena jamais vista: vários policias, um carro parado no meio e um carro onde estava sendo depositado o corpo de uma mulher, ensacado.
A primeira história que ouvi foi que ela havia sido morta após reagir a um assalto, o assassino tentara roubar a bolsa da mulher e ela não quis entregá-la, o assassino deu um tiro na testa da senhora. Fiquei em choque, tentei esgotar o assunto, mas tudo que senti foi medo. Uma vida, um tudo, sonhos, uma família, tudo isso destruído, tudo destruído em questão de segundos, por uma bolsa, algum dinheiro, nada a mais. Nada.
E aí, se desencadearam outras histórias em relação a esse assunto. Uma irmã matara a outra por segurança. Um homem matou a mulher por ciúmes. Um outro homem matou um senhor por uma briga. Motivos tão terríveis, tão bárbaros, tão brutos. A minha vontade naquela hora foi gritar, chorar, berrar que uma vida, uma pessoa, uma personalidade valiam muito, mas muito mais que essas intrigas bestas, muito mais que ciúmes, muito mais que dinheiro... Não existe nada mais precioso que uma vida. Quantas pessoas já se sacrificaram por uma, apenas uma vida? A cada dia os pais se sacrificam para manter a vida dos filhos! Pessoas morreram lutando pelas gerações futuras! As pessoas dizem tanto para aproveitarmos a vida, porque ela é única! E é. Então, por quê são tão pouca valorizadas? Tão destruídas?
Tudo que sinto por essas pessoas que matam alguém é pena. Pena por não terem descoberto, por elas mesmas o valor de uma vida, o valor de uma felicidade, o valor de sonhos...
Perguntas rondam a minha cabeça, famílias são destruídas, sonhos são arrancados, pessoas são detonadas, vidas são tomadas por NADA.
Mas, há uma pergunta que não cala: qual é o valor da vida?
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