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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Comunicação

Eu estava ajudando meu primo, que é por sinal quarto ano, em sua tarefa de casa. Uma ajudinha básica e uma dúvida na tarefa de português me fizeram refletir muito. O exercício de casa era sobre comunicação. Sobre as maravilhas humanas que nos permitiram aproximar uns dos outros e facilitar a integração, assim como o mundo globalizado. Depois de ajudar meu primo na sua tarefa, pedi para dar uma olhada na ficha, já que minha curiosidade mórbida falou mais alto. A última questão da ficha era: "qual seu meio de comunicação entre humanos preferido?". Logo minha mente vagou pela internet, a qual sou extremamente viciada, ou pela TV, que também não sou menos addicted. " A resposta não deve ser tão fácil assim", falou uma parte da minha consciência. Realmente, a resposta não é tão fácil assim, pelo fato de ser tão simples que já desconsiderei de primeira. É tão esquecível essa resposta, e considerada tão irrelevante por tantos que esse meio de comunicação precioso é quase que uma relíquia hoje em dia. De repente, soube a resposta. Meu meio de comunicação favorito são meus olhos.

Daí vem a pergunta: seus olhos?

Sim. Parece tão bobo e forçadamente poético não? Mas são meus olhos. Prefiro mil vezes ter a capacidade de andar na beira dos olhos de uma pessoa, ter essa apreciação do que realmente ela é, ter essa conversa sutil e desligada, que só ocorre entre nós do que ser levada por uma enxurrada de informações desnecessárias. Não menosprezo a internet, a televisão, o celular ou qualquer um desses aparelhos eletrônicos quase que indispensáveis no meu dia-a-dia, mas falo que trocaria todos por esse simples olhar. Estou meio que parafraseando Ana Jácomo. "Coisa rara e bonita é a gente poder se comunicar por meio da alma, sem que palavra alguma necessariamente aconteça.", mas é assim mesmo que gosto. Ter comunicação corpo a corpo, mesmo sem ter a necessidade de falar. Saber que somos tão íntimos ao ponto de nos entendermos naquele silêncio onde tudo é dito. Já dissera João Pedro Bueno, que é no silêncio que se demonstra a imensidão de pensamentos que se tem guardado. É por isso que escolho meus olhos. Quero que só aqueles que realmente me amem, dentre as diversas formas de amor que existem, saibam me ler. Não quero ser um livro aberto, porque livro aberto, onde se pode ler já na livraria, ninguém quer comprar, ninguém quer ter afeto. Quero ser desvendada, com uma conversa olho no olho, riso silencioso e troca de olhares quase imperceptível. Sim, gosto tanto de mistérios que quero me tornar um. Sim, citei John Green.( Vamos não falar da perfeição do homem nesse post). O que digo é que prefiro saber que ainda valho a pena e que o amor ainda consegue superar diversas barreiras, inclusive a da fala. Será que mereço? Ha. Quem sou eu para julgar? Você vai me dizer, nessa conversa inquebrável de olhares. Se tu quiseres me fazer bem, quem sou eu para negar? Aceitamos o amor que achamos que merecemos. Além do mais, prefiro intenções do que ações. Escolho olhares porque é o modo que eu achei de semear esse sentimento, seja qual for, com aqueles que quero bem. Escolho olhares porque até agora, é como eu consigo me expressar. Escolho olhares porque eles transformam um " eu e você" em " nós". Escolho olhares porque assim podes me escutar sem que eu nem fale. Escolho olhares, porque, por mais clichê que isso possa soar, os olhos são a porta para a alma, e o que importa é o interior. Escolho olhares porque quero. E faço o que me deixa feliz.


" Sento na beira da praia de teus olhos incontáveis vezes, perto ou longe de você, só pra apreciar de novo. Porque amor é isso também. Essa admiração que não se cansa de reinventar a cada onda." - Ana Jácomo.


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Obrigada a todos por lerem. Espero que gostem.
Uva ;D

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