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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Diariamente

Acordar através do alarme. Se alimentar assistindo à televisão. Pesquisar através do computador. Se comunicar por um  celular. No carro, jogar no aparelho que, inicialmente, só serviria para reproduzir música. Chegar à aula, ao trabalho. Ter contato humano. Voltar no carro, escutando música individualmente pelo seu próprio reprodutor de música. Se alimentar assistido à televisão. Estudar, trabalhar... Um pouco de contato físico entre suas mãos e papeis.(viva!) E aí adormecer até que o som do alarme te acorde de novo...

Tem coisas que a gente faz e nem percebe, né? Hoje, numa sociedade voltada para o desenvolvimento tecno-científico, parece que esquecemos por completo daqueles prazeres humanos que só temos em contato com a simplicidade. A pureza, o descomplicado, o sutil. 
Por que será que, quando listamos os maiores prazeres da vida, são eles o de andar num parque, passear de bicicleta, jogar bola, ler, escutar música, ficar ansioso e enlouquecido para saber o final daquele livro, ficar conversando horas e horas com amigos, ter a companhia deles, tomar sorvete na praia com primos, tios, avós, família...

E por que será que nunca estão na nossa lista um i-pod, um telefone, um i-pad, um computador, a internet?
Porque mesmo que agora sejamos burros o suficiente para deixar o capitalismo vencer nossos valores, no final da vida o que prevalece? Todos sabemos, lá no fundo, que ter música no mundo é mais importante que ter um i-pod. Que ter amigos, família, é mais importante que ter mil mensagens num celular. Que ter literatura de qualidade é mais importante que ter um i-pad, pra ler suas porcariazinhas na internet. Que ter natureza é mais importante que ter uma camisa da Aeropostale, da Hollister ou qualquer bem industrializado...

E quantas vezes aquela alegria não veio no seu coração quando você foi acordado pelo canto dos pássaros... Nossa, eu amava quando eu vivia isso todo dia. Me sentia a própria Cinderela! Esses produtos todos não me fazem tão feliz quanto isso. Não me fazem tão feliz quanto ouvir minha mãe dizer "sabe a felicidade que eu senti naquele momento, filha? A felicidade que eu senti quando você nasceu.". Nada.
Produtos vão embora. Minha mãe, não. Continuará ali, imortalizada.
Uma vez uma amiga minha tava com as irmãs no barco delas. Ela tinha acabado de ganhar um i-pod novíssimo. A irmã mais nova, sem querer, foi mergulhar, bateu no i-pod e lá se foi ele pelo mar... E sabe o que ela disse pra mãe? "Eu não tô irritada por que minha irmã derrubou meu i-pod. Eu tô feliz porque eu tenho a minha irmã." Exemplar.

Mas a cada dia que eu digo mais, sou ouvida menos. Porra de marca nenhuma!
Não é teu pedigree que faz de você uma pessoa melhor ou pior. Não é o que você usa, o que você compra. É o que você fala, como você age que te definem como uma pessoa de caráter ou como uma pessoa que é tão descartável quanto qualquer desses produtos que você gastou tanto pra comprar.

Como já dizia Albert Einstein em sua época...
                                                                       "Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade."

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