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sábado, 21 de julho de 2012

We are broken

  Eu escrevi essa merda as 1:37 da manhã e terminei as 2:33. Me deem um desconto.
(Ou " A arte da conquista"). Eu gosto desse filme. A introdução vem dele.

Desde o início dos tempos, algo perto de 110 bilhões de humanos nasceram neste mundo. E nenhum deles chegou lá. Há 6,8 bilhões de pessoas neste planeta. Cerca de 60 milhões morrem por ano. 60 milhões de pessoas. Isso da aproximadamente 165 mil por dia. Eu li essa frase quando era criança, “Vivemos sozinhos, morremos sozinhos. Todo o resto é apenas uma ilusão.” Serve para me manter acordada à noite. Todos nós morremos sozinhos. Por que devo passar minha vida trabalhando, suando e lutando? Por uma ilusão? Porque nenhuma quantidade de amigos, nenhum garoto, nenhuma tarefa de conjugar o mais-que-perfeito ou determinar a raiz quadrada da hipotenusa, me ajudará a evitar meu destino. Irei morrer sozinha. Claro não tenho a ilusão (ou apenas mais uma) que sou a única que consegue adiar o sono por uma fração de tempo para me dedicar à essa incógnita--que tenho quase sem por cento de certeza, ou pelo menos gostaria de acreditar que tenho -- que já quebrou a cuca de muitos filosofos que não sei quais são, já que sempre confundo filosofos com matemáticos, e também de muitos outros não-celebres mortais como eu, mas a minha diferença é que quero desvendá-la não por esses eloquentes motivos morais, como melhorar a vida da humanidade, ou dos outros próximos 110 bilhões que talvez venham a surgir, mas quero achar esse "x" porque quero saber quem eu sou. Nah, isso na verdade não me importa mesmo, não quero saber do que sou feita, sei que sou assim, cheia de falhas e imperfeições - que conheço e desconheço ao mesmo tempo, porque sei que sempre existirá aquela mais uma- todas coladas com minhas boas intenções, mas quero saber para onde eu vou.

Não, não tenho o poder (ou sequer cogitei ter) o poder de decidir de onde vim, mas sei que tenho o poder de decidir para onde eu vou. Afinal, se  vivo sozinha e irei  morrer sozinha, devo pelo menos transformar minha ilusão em algo que me deixe no fim uma sozinha feliz.  Já disse Saramago: "todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que para a maioria, é só um dia mais." Bem, para mim, devo descobrir essa incógnita para que minha ilusão não se torne um dia vago e contando como mais um, mas sim me torne uma pessoa completa, independente do que completa quer dizer.

Também não sei a razão porque vivemos. Não sei por que motivo conseguimos esse relance de vida, mas sei que também não vou gastar meu tempo pensando nisso e esquecendo de viver. Dumbledore disse isso, então deve estar certo. Também não faço a menor ideia porque escrevo esse texto. Talvez para me dar uma luz. Aonde vou? Para que caminho seguir? Díficil obter essa resposta já que não sei o que quero fazer. Ajudar famintos? Impedir o aquecimento global? Descobrir a formação do universo? Sim, caminhos tentadores, mas será que vão me fazer feliz? Egoísmo meu pode até ser, mas se não me deixa feliz, fazê-los por quê? Baden Powell alegou uma vez que a maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros. Peh. Desculpe, mas não concordo. Acho que acima de tudo, devo fazer o que me deixa feliz, tendo isso haver ou não com  felicidade dos outros. Pense em você, coloque sua música favorita, ande descalço. Seja você se isso te deixa feliz. Quando você estiver feliz, aí sim você contribui (ou não) para o bem-estar público. Claro que não estou dizendo que não se deve ajudar os outros, muito menos que se deve privá-los de felicidade, mas digo que felicidade é algo que se compartilha. Sorria, que esse é o melhor remédio e ainda é de graça.

Sei que sou prolixa, até mesmo até demais. Repetitiva sim, e relaxada ao dobro. Sonho muito alto e minhas expectativas quase chegam no teto. Me sinto melhor que os outros e tenho complexo de especialidade. Sei que posso ser arrogante, incompetente, indulgente, imprudente, covarde e tenho medo de dentista. Tenho medo do escuro, do desconhecido e do esquecimento. Mas acima de tudo tenho medo da vida. De todas as suas possibilidade e de suas descordenalidades. De sua des-sequência e de sua impresivibilidade. Tenho medo de sua alegria e de todas as suas esquinas e estradas. Vivemos nessa montanha-russa, de emoções, de caminhos, de escolhas, que é uma viagem só de ida. Cheia de arrependimentos, risadas, gritos e pancadas. Mas com essa imensa probabilidade de ser feliz que até me espanta. Com esses quebras-cabeças e jogos de esconde-esconde, com as quedas e os machucados, com a esperança, com a lealdade, com o altruísmo. E a questão é, já que não podemos desviar dessa tal vida, que assim se proclama rainha, vamos dar nosso máximo para fazê-la valer a pena. John Green disse "sim, vai doer. Vai doer porque é importante."

Mas esse é o mundo, essa é a vida. Coisas lindas e terríveis vão acontecer. Não tenha medo.

E posso até morrer sozinha. Mas morro sozinha e feliz. Muito feliz.

"Escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada. Porque no fundo, a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro". - Clarice Lispector.

Isso mesmo. Não alterou em nada. Ainda existe alguém sendo assaltado agora, alguém morrendo de fome, alguém sendo corrupto. Mas tem você que leu isso. Que agora tem essa ideia. Que agora sabe meu motivo. "Uma mente que se abre para uma ideia nunca mais volta ao seu tamanho original ", disse Einstein. Foi mal, agora você é uma pessoa com essa ideia na cabeça e não importam o que digam, mas "pessoas e ideias ainda vão mudar o mundo".

Love always, Uva.

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