Depois de passar quase 6 meses no 2o. grupo do vôlei da minha escola eu pude perceber algumas coisas, entre as quais muitas me deixaram indignadas.
1o. Há um nível imaginário de hierarquia. Quem é bom não pode receber reclamações. Quem está no caminho é entupido por elas pelas pessoas que são boas.
2o. A maturidade só está presente quando as pessoas querem. As pessoas boas não aguentam ver seu técnico ser divido com outras pessoas. Essas pessoas boas só se esqueceram de uma coisa: o técnico treina mais gente do que só elas.
3o. As pessoas não aceitam perder
4o. As pessoas fazem um esparro quando ganham
5o. As pessoas, pelo menos por um tempo, não suportam as do outro time
6o. A maioria "dá as vidas" no jogo.
Deixa eu começar minhas críticas:
Comparo o esporte a uma sociedade. Ele é hierarquizado, o poder está nas mãos dos melhores, as reclamações são guardadas pra nós mesmos por causa do medo, há ideais (o do "um dia você ganha, outro você perde e em outro você empata) que não são seguidos pela maioria e a quadra, assim como as ruas e cargos, viram um campo de guerra.
Quem é bom reclama com todo mundo, menos com as outras pessoas boas. Quem ainda está no caminho pro "sucesso", ouve calado as reclamações (apesar de já ter um fora prontinho na ponta da língua) com medo das reações. Em uma sociedade por mais que você ache algo errado e fique super raivoso com isso, você sozinho não conseguirá nada e não se sentirá nada sem o apoio de outros. A linha é bem traçada: bons com bons, aprendizes com aprendizes e que ninguém ouse cruzar a fronteira.
Para as decisões todos se consideram sensatos mesmo que por dentro a própria pessoa ou o mundo inteiro perceba: que idiota essa pessoa. A pose e o status das pessoas boas são tudo mas o que se ouve nos cochichos falaria muito mais sobre elas: e ainda tiraria suas máscaras e mostraria que na realidade, aquelas pessoas são muito mais intelectualmente e emocionalmente sub desenvolvidas que você.
E no campo de batalha, as vidas são dadas pelo bem maior. Nem me pergunte qual é o bem maior porque eu não sei e aposto que os guerreiros também não. Acho que não tem um porque a vitória ou a derrota nunca vão ser definidas corretamente. Se a derrota ocorre, o mundo acabou. "Nós perdemos mas jogamos muito melhor que elas", "eu não acredito, a gente não pode deixar isso acontecer de jeito nenhum", "boraaa, que é isso? A gente vai perder é?" Vai e daí? Eu não quero mas pode acontecer. Eu estou disposta a gastar minhas energias para me esforçar e evitar isso mas meu mundo não vai desabar porque no meu mundo, erros formam acertos.
Quando alguém ganha, a reação é a de que ganhou na loteria. Ganhar é ótimo! Só não se esqueça que um dia você vai perder e que um dia a reação bombástica do outro time vai se degradar nos seu olhos.
Todos pais querem passar para os filhos a mensagem de que um dia você vai ganhar, um dia você vai perder e quem sabe às vezes você pode empatar. Ganhar é massa. Perder é chato mas a gente tem que se conformar porque a derrota de hoje pode ser a vitória de amanhã. Às vezes eu me sinto um peixe fora d`água. Parece que só eu absorvi isso. Eu sou competitiva (mais prapouco do que pra muito) na hora da competição mas isso não me deixa cega pela vitória ou desgraçada pela derrota. Eu fico chateada quando perco numa competição (depende do grau dela) mas aceito isso, reconheço que o outro time foi melhor e nunca tiro da minha cabeça que o time adversário provavelmente tem um rotina como a minha, é parecido comigo. São colegas. Tem vezes no vôlei que o time adversário está com a bola e eles dão, tipo, um corte muito bom, ou conseguem recuperar a bola de uma maneira incrível. Apesar de naquele momento serem meus adversários, eu bato palmas. Vocês devem tá me achando uma louca mas, como eu já disse, erros fazem acertos assim como derrotas fazem vitórias. Mas pra isso você não pode se cegar. Deixa eu explicar: identifique o erro, o que você fez de errado e invista naquilo. Se você estiver consumido pelo erro e se martirizando por causa dele, você nunca será capaz de identificá-lo e fazer diferente na próxima vez, aumentando as possibilidades de um acerto. Por isso que eu digo: é preciso ser mais forte pra perder do que pra ganhar. Não deixar o sentimento de derrota te atingir efetivamente faz uma grande diferença. Só não vale repelir esse sentimento e o substituir por raiva, começar a xingar os adversários ou até os próprios colegas.
E tem gente que me disse que "dá as vidas" no jogo. É uma forma de expressão (claro, né, botei entre aspas, dããã!) mas ao mesmo tempo significa que as pessoas chegam ao seu limite para ganhar e ficam, desculpem a expressão, putas quando perdem. Sinceramente, eu acho que tem coisas tão mais importantes na nossa vida do que um jogo qualquer. Aí as pessoas são feras no esporte e uma droga nos relacionamentos. Quero ver quando essas pessoas envelhecerem e ficarem sozinhas, até mesmo sem o esporte. Elas vão ver que toda aquela ambição pela vitória não lhe valheu de nada na vida. Não lhe valheu os ótimos negócios que poderia ter feito, as amizades com as pessoas do trabalho, um relacionamento amoroso, as relações com o chefe que tanto poderia ter melhorado seu padrão de vida. No final, a vitória não valeu de nada porque a pessoa agora vive numa derrota eterna.
Pra mim, o prazer do esporte não é ganhar. É ver seus movimentos em harmonia com seu estado de espírito. Estado de espírito ester que pode ser motivado pela música, pelo público mas também induzido efetivamente e essencialmente por você e seus sentimentos. Mas lembre-se que os sentimentos podem nos cegar.
Se você quer os acertos, esteja preparado para os erros.
Carl Yastrzemski
Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Clarice Lispector
O único homem que está isento de erros, é aquele que não arrisca acertar.
Albert Einstein
Reflitam e comentem please!
Bj,Bewitched
Bewitched, concordo com sua raiva momentânea (ou não), mas acho que os jogos refletem muitos momentos na vida, nos fazem amadurecer, melhorar nossa visão espacial,nos facilitando ver por outros ângulos ou até enxergar questões socias que antes não víamos, tem muita gente por aí que dá tudo, se dedica ao máximo em tudo o que faz e não é porque essas pessoas "dão a vida" no jogo e se dedicam de uma forma tão grande que elas enxergar o jogo deste ponto de vista, não é porque ser perfeccionista ou se dedicar até por demais que essas pessoas vão morrer porque vão perder um jogo, existe um equílibrio, claro que nem todas as pessoas conseguem tê-lo, mas há aqueles que sim, e se realmente há estas nós não podemos fazer tal generalização.
ResponderExcluirRealmente, concordo plenamente contigo, há aqueles que estão no topo e pisoteam os demais, pisoteam todos aqueles que para eles são considerados a baixo de seu nível, mas isto ocorre em quase todos(QUASE TODOS? TODOS) os espaços socias, hoje em dia o ser humano é tão egoísta que é capaz de fazer um genocídio para ser o único na Terra, e apesar disso ser muito chato e revoltante, temos que aprender a lidar com isso e não ficar calado, ir atrás de reclamar bem na frente dessas pessoas as quais realmente precisam de um banho de água fria.
Admiro a forma como você expôs seus sentimentos, mas às vezes além de expor eles (os sentimentos)à aquelas pessoas que você convive, devemos mostrar o que sentimos BEM NA CARA DAQUELES QUE NOS INCOMODAM, claro que de forma respeitosa,dou a maior força,
FRida FRitas (FR)
Bazinga!Detonou bewitched!mete na cara DELAS!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkk (pelo último comment)
ResponderExcluirFrida, eu entendo que você ama muito o vôlei mas se você abrisse um pouco mais sua cabeça conseguiria enxergá-lo por outros pontos de vista. Eu não estou falando das pessoas super dedicadas e esforçadas com bons propósitos (tanto que às vezes essas pessoas acabam tendo uma carreira no esporte), mas daquelas que fazem de tudo para ganhar e que enxergam a vitória como meio de status e glória individual. Você sabe exatamente das pessoas que eu estou falando. E sim, você também sabe que tem gente que “morre” ( lembra: entre aspas, forma de expressão) porque perde. Generalizações por mais chatas e inevitáveis que sejam, deixam nossa vida muito mais prática e não generalizar é fantasioso e irreal. Porém eu não estou generalizando nada. Eu não estou generalizando os esportistas. Eu estou até especificando. Eu estou falando dos esportistas super ambiciosos que você, novamente, sabe quais são e de que tipo de pessoa estou falando (o que me deixa confusa: você sabe exatamente de que pessoas estou falando –a especificação é clara- mas ao mesmo tempo generaliza de quem estou falando apesar de não gostar de generalizar.) E eu não estou falando do ponto de vista de todos os esportistas esforçados como você alega. Eu estou colocando o meu. E não é porque o esporte é mais um espaço onde as pessoas se pisoteiam que a gente deve ignorar isso. Antes de falar que devemos tomar uma atitude e não ficar calado é melhor revermos nossas atitudes (pra ver se elas condizem com o que estamos prestes a falar) para não passarmos por hipócritas. Eu sei o quanto tu ama o vôlei mas às vezes é preciso reconhecer que nem tudo dele é perfeito, assim como tudo.
Bewitched