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domingo, 15 de maio de 2011

Morte

Oi pessoal!
Em fim estou postando aqui sobre Morte.O fato é que até segunda-feira dessa semana eu ainda não me sentia pronta pra falar sobre esse assunto porque eu não sentia que tinha informação o bastante. Mas nesse mesmo dia uma coisa me aconteceu (que eu vou contar) e de repente tudo que eu queria falar sobre e escrever, estava na minha cabeça.
Eu estava na escola como qualquer outro dia, tinha tido uma briguinha boba com minha mãe pela manhã, apesar de não termos nos desculpado, e estava esperando minha aula de vôlei começar. Na minha escola, antes do vôlei começar temos que fazer alguns exercícios pra ir já aquecendo e um desses exercícios a gente faz na arquibancada da quadra (de dois "degraus") onde a gente dá um impulso do chão para pular logo em cima desse primeiro degrau. Mas meu cálculo foi errado. Meu pé prendeu no primeiro degrau e quase todo o meu peso foi diretamente no meu pescoço, que bateu contra a arquibancada de cima. A sorte foi que meu braço veio logo depois pra me segurar, e não foi nem o osso que bateu, foi o pescoço mesmo. Na hora parecia que estavam me sufocando com uma corda, eu não conseguia puxar o ar e doia MUITO na parte que eu tinha batido. Duas amigas me ajudaram  (inclusive Abacate) e  a ajudante do professor ( Anaís, uma de minhas heroínas) me deitou e eu consegui controlar a respiração mas a dor era muitoo grande. Acabei indo pra emergênia e o que a médica me falou está na minha cabeça até agora. Ela disse que não havia sido um trauma por pouco porque se eu tivesse tido um trauma de traquéia ou esôfago eu já estaria morta. O que passou pela minha cabeça? Eu nunca mais conseguiria me desculpar da minha mãe, dizer adeus pra meu pai, me despedir em paz da minha irmã (com quem eu brigo muitoo), pedir pra minhas amigas nunca me esquecerem, dizer a minha avó que ela foi a melhor que existiu, agradecer pela educação maravilhosa que meus pais me deram, dizer as minhas primas que elas foram irmãs pra mim, aceitar que eu nunca realizaria meus sonhos. Já tô chorando aqui... A gente faz mil e um planos e percebe que por pouco eles não foram destruídos pra sempre, tirados de uma vez de, sei lá, um tipo de livro do destino. E quando você pensa no futuro maravilhoso que você correu o risco de nunca ter... e menina sempre faz mil e um planos desde pequena. A idade pra tudo, o casamento, os filhos, a profissão, a morte que quer ter... e aí eu percebi que há dois tipos de morte: aquela que é por acidente e aquela que é "natural". Ela pode levar segundos ou ser lenta, dolorosa, torturosa. E a gente não escolhe a morte que quer ter, assim como a gente não escolhe o nascimento. Eu nasci prematura, com excesso de sangue, tive que voltar pro hospital logo depois que tinha saido mas hoje não tenho a maioria dos problemas que pessoas com nascimento normal tem. O fato é que na morte acidental a gente nunca vai ter a chance de se desculpar, de pensar duas vezes, de se arrepender, de dizer o que não foi dito, de fazer o que devia ser feito, de se despedir. Na morte "natural" a gente até pode  ter a chance de fazer essas coisas ou não (depende bastante) mas aí eu acho que  a pessoa já tá no estado de espírito de partir para sempre. Na realidade a morte é isso. Uma viagem sem volta. Um adeus sem um "até breve" ou um "te ligo quando chegar". Mas eu não acredito que qualquer pessoa amada e querida seja mortal. O cheiro, os pertences, os gostos, os desgostos, as memórias, as histórias engraçadas, a personalidade da pessoa que partiu será sempre lembrada não importa o que aconteça, tornando-a assim imortal. Qualquer pessoa que morre é imediatamente imortalizada nas cabeças e corações de todos que ela conhecia porque qualquer coisa que a lembre, terá efeito imediato naquela pessoa: pode ser o coração que aperte, pode ser uma lágrima, um sorriso, uma lembrança. Mas ela NUNCA será esquecida por quem a amava, nunca.
Minha amiga Frida estava me contando de um sonho dela: ela passava por um caminho onde várias, almas ou pessoas mortas (não me lembro direito) meio que caiam. Ela disse que era assustador e aí eu tentei ver além do que ela viu. Porque esse caminho dela vai acabar um dia e ela será mais uma alma no caminho de outra pessoa. Ela estará provavelmente no caminho de uma pessoa que ela gostava muito ou que gostava muito dela, porque teve efeito suficiente para ser uma barreira no caminho dessa pessoa. Uma amiga minha disse uma coisa que eu fiquei pensativa: quando estamos na barriga de nossa mãe, não queremos sair de lá porque é o nosso porto seguro. Recebemos tudo que precisamos! Mas aí temos que enfrentar a segunda parte de nossa vida que é a de viver fora de nossa mãe. Queremos? Não. Mas a vida nem sempre faz nossas vontades e tem que seguir com seu caminho natural. Às vezes consigo comparar a vida com a natureza. Ela tem suas próprias leis. Podemos usar quanta ciência e tecnologia que conseguimos mas ela nunca vai parar de seguir seu ciclo, ela pode levar milhões de anos para se re-adaptar, mas fará de tudo para isso. E essa minha amiga chegou a uma conclusão interessante: talvez não saibamos, mas talvez o "local" onde ficaremos seja muito mais agradável que a terra.Não quero induzir ninguém a cometer suicídio. Porém o local pós-morte na minha opinião, é o local onde teremos paz, harmonia, juízo, tranquilidade, certeza. Certeza que as pessoas que ficaram nos amaram muuito, que agora você sabe que as pessoas são realmente fortes o bastante para superar barreiras em seus caminhos, que você será imortalizada para todo o sempre, não importa o que aconteça, que só o que restará de você são coisas boas! E eu já ouvi também que a morte não existe, que por parte, eu também concordo. Não sabemos aonde ela nos lida, como as coisas são depois da vida, pra onde vamos, como vamos, se existe um céu, um inferno, uma luz ou um novo corpo nos esperando. Nada comprova nada sobre a morte. Todas as teorias tem seus pontos que consideramos prováveis ou impossíveis. Então será que ela existe mesmo? Quem sabe... nunca morri pra saber. Outra coisa aconteceu comigo há mais ou menos 1 ano. Eu estava a caminho de um restaurante. Minha mãe estava dirigindo e não viu que dois carros estavam vindo, um atrás de outro, e que tinha um saindo bem na rua da frente, pra onde a gente tava indo. Resultado? Eu só vi os dois carros avançando na nossa direção, o carro na frente, um clarão e um "empurrão", que era minha mãe freando. Fiquei apavorada, apesar de nada ter acontecido. Depois eu fiquei pensado: o que eu pensei naquele exato momento? Por mais clichê que isso pareça é verdade: eu percebi que vários momentos da minha vida passaram pelos meus olhos, o momento do clarão. Não consegui dizer qual momento especificamente porque eles passam muito rápido, em uma fração de segundos. O que eu mais consegui identificar foi um de eu criança, no balanço. Acho que aquilo se marcou como a minha infância e por isso, a que eu mais consegui me lembrar. 
A um tempo atrás eu estava fascinada por anjos da morte e estava desenhando eles muito. Eu também sou muito fascinada pela morte e acho que sei a razão. A morte é algo muito misterioso, não deixa pistas de onde vai parar, ou levar as pessoas, é algo cheio de suspense mas que também traz muita tristeza, que deixa o adeus ser para sempre, ou pelo menos até ela vir nos levar também. Na realidade, acho que o adeus da morte tem sim um "até logo" se levarmos a morte por outro ponto de vista. Se alguém morre, encaramos como uma viagem sem volta. Mas quando morrermos, talvez encontremos essa pessoa.  
Depois desse episódio de segunda-feira eu fiquei pensando: poxa, agora eu vou sempre me certificar de que estou feliz, que vou pensar duas vezes antes de fazer qualquer coisa, que vou aproveitar a vida ao máximo, fazer as pazes pouco tempo depois das brigas. Mas minha psicóloga me ajudou a entender que isso é impossível. Por que os sentimentos, o momento, nosso estado de espírito interfere nas situações que enfrentamos até porque nem sempre estaremos com a cabeça limpa para pensar direito e apesar de que o homem faça de tudo para a máquina ser perfeita, ela nunca será, assim como nós.Altos e baixos são praticamente os momentos que fazem nossa vida.Apesar disso eu ainda recomendo: não deixe pra fazer amanhã o que pode fazer hoje. Não mesmo, aproveite cada fração  de segundo porque você talvez só terá um para se lembrar de todos os seus momentos felizes. E esses momentos que passam na nossa cabeça sejam talvez uma tentativa do nosso corpo de nos fazer felizes antes da morte, para que morramos com as melhores lembranças de nossa vida, curta ou longa. E a morte o que será? Sorte? Destino? Coincidência? Tem gente que acredita. Mas na minha opinião sempre tem um jeito da gente fazer as coisas piores ou melhores. Você com certeza já pensou em vários exemplos de como deixar uma situação pior mas levou o dobro do tempo para pensar na mesma quantidade de aspectos que podem tornar as coisas melhores.Então quem sabe se mudarmos a nossa visão persimista do mundo (sem fantasiar, coisas ruins existem) mudamos também a nossa visão dela e encaramos a morte como apenas mais uma parte da vida.

Bj,
Bewitched.
ps: tem uma série muuito boa que fala sobre morte de uma maneira muito boa, chamada Ghost Whisperer. vale à pena se vc acredita em espíritos como eu.
ps1: se eu me lembrar de alguma coisa que não coloquei no post, vou colocar depois! 
ps2: comentem, por favoor!!

3 comentários:

  1. lindo, esclarecedor e chocante, as vezes nós nos deparamos com cada coisa na nossa vida, num é? Eu mesma, quando perdi uma amiga esse ano de quem gostava muito fiquei pensando em tudo o que eu poderia ter feito com ela que eu não fiz, mas pensei também e eternizei na minha mente todos os momentos bons que vivi com ela! Entender a morte é sempre um mistério, que precisamos viver para saber, mas será que realmente vivemos depois da morte? Eis a questão. Beijos, Abacate

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  2. Eu simplesmente amei...eu não tenho palavras,tô aqui morrendo de chorar!!

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  3. Ai meu deus, acho que vc, Bewitched, vai ser escritora!!! Parabéns, ótimo texto, estou morrendo de chorar!Bjs, Pitanga.

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